quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Citações CCCXXIV


O dinheiro é um bom servo, mas um mau mestre.*

Alexandre Dumas, filho (1824-1895), in La Dame aux Camélias (1848).


* Há também quem atribua a frase ao poeta Horácio.



dedicado a um visitante da COPEL, Curitiba (Brasil), que, desde ontem, tem vindo, teimosa e persistentemente, a consultar, na íntegra, todos os postes de Citações, do Arpose... Sem comentar, como é costume.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Recomendado : setenta


Nunca fui muito de conhaques franceses. Sabem-me a sabão. Abro uma memorável excepção à minha vernissage de L'Aiglon, que provei, pela primeira vez, numa noite invernosa, em casa amiga donde se via o Atlântico, na tripeira rua de Gondarém. O conhaque era magnífico. E o meu amigo, generoso.
De uísques, já os frequentei mais, mas prefiro os produtos nacionais, sempre que posso, embora não seja xenófobo nem chauviniste. Uma Adega Velha (Aveleda), uma aguardente velha da Casa de Saima, até mesmo uma modesta Fim de Século (Caves Velhas), são produtos de enorme qualidade.
Em 2012, num restaurante italiano de Köln, iniciei-me na Grappa. No caso concreto feita de Barolo, cujos vinhos tintos são dos que mais respeito, na península itálica. Rendi-me: a aguardente branca era excelente. Há um ano, reincidi com uma Grappa de Chardonnay. Muito boa também.
Como não sou egoista, nem patrioteiro em excesso ( e perdoe-se a publicidade), por alguns dias, o Aldi tem em destaque essa Grappa, ao imbatível preço de 6,59 euros. A garrafa, de 0,50 lt., é elegante. O conteúdo, elegantíssimo.
Recomendo.

Idiotismos 42


O facto de ter dois dedos de testa não seria um glorioso atributo, antes denunciava, no entendimento popular, diminuta inteligência, comprovando assim, pela similitude antropológica, as teorias de Darwin. Enquanto que uma testa alta e ampla prognosticava, para muita gente no passado, boas capacidades de pensamento. Ainda hoje se exercitam, sem fundamento científico, estas artes divinatórias, através das feições dos seres humanos, analisadas à lupa.
Os brasileiros têm mais tendência para classificar estados de espírito, fazendo essa projecção através do reino animal. Para caracterizar a felicidade dizem que um sujeito está como um pinto (pintaínho) no lixo. Invocando indirectamente o facto de ter muito por onde escolher, para bem se alimentar. Cabe aqui recordar tempos de penúria, ou o médico e sociólogo brasileiro Josué de Castro (1908-1973) e o seu clássico  A Geografia da Fome (1946).
Nestes dois casos, que referi, une-os a oposta dicotomia: abundância/escassez. Que a esperançada voz do povo preferiu consagrar e transformar em provérbio feliz: Não há fome que não dê em fartura.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Do que fui lendo por aí... (12)


Precisamente há 75 anos (28/8/1942) e no quarto ano da II Grande Guerra,  Ernst Jünger (1895-1998) encontrava-se em Paris, integrando, como oficial alemão, o exército ocupante. O seu contacto com a França não era o primeiro. Alguns anos antes, tinha-se alistado na Legião Estrangeira, em que permanecera algum tempo.
Mas nesse final de Agosto de 42, de temperaturas parisienses ainda amenas, o coleccionador de insectos, apaixonado e especialista, que, antes de ser militar condecorado na I Grande Guerra, era também escritor, químico e botânico, lançava no seu diário estas palavras:

Podemos ir visitar alguém, com as melhores intenções de sermos, nesse dia, particularmente cordiais para com esse anfitrião, mesmo afectuosos (...), mas a frieza pode vir a instalar-se e, depois, será preciso dias, semanas, meses para que a justa harmonia venha a ser restabelecida. (pg. 181)

O convívio de Ernst Jünger com franceses, nessa altura, era muito diversificado. Sobretudo, com artistas, escritores e a velha aristocracia (que nunca são muito de fiar, em matéria de convicções e fidelidades à Pátria...). Entre eles contavam-se Jean Cocteau, Sacha Guitry, Jean Marais, a princesa de Polignac. Nesse Agosto longínquo, o Outono já se fazia anunciar pelo amarelo de algumas folhas de árvores. E  a cidade de Hamburgo já começara a ser bombardeada pela R. A. F., como Jünger refere.
Este diário, do controverso escritor alemão, merece a pena ser lido. Eu, pelo menos, estou a gostar.


para MR, que deve andar por Paris, nesta data. Se tiver tempo para ler este poste...

Glosa 8


O filósofo australiano Damon Young (1975), em The Art of Reading (2016), enumera 6 preceitos ou qualidades, necessários, para se ser um bom leitor. A curiosidade, que caracteriza o prazer da actividade e movimento intelectual, a paciência, para ultrapassar as dificuldades e a coragem de evitar a tentação do controlo excessivo, sem algum abandono, e as conclusões muito apressadas sobre a obra, que estamos a ler; mas também o orgulho de ter prazer nos progressos e sucessos alcançados, a temperança, no sentido de um equilíbrio de apetites (gosto), e, finalmente, a justiça que permita, ao leitor, um ajuízado, porém generoso, sentido crítico sobre o que foi lido.
Não estando eu em desacordo com este critério, nem com esta enumeração de virtudes necessárias a uma arte de leitura, pessoalmente, acrescentaria às 6, mais 2 requesitos: a persistência, porque nem sempre o livro, que estamos a ler, se coaduna com o nosso estado de espírito, e é preciso um esforço de continuidade, nem sempre fácil. E, um pouco em sentido contrário, a supressão da gula (causada  por excesso de gosto) que nos faz ler, por vezes, demasiado depressa uma obra, sem a acompanharmos de uma atenção devida. O ritmo de leitura parece-me ser um factor fundamental para a apreensão integral de um livro, nos seus múltiplos aspectos de estilo, fantasia e reflexão.
É obvio que todas estas considerações se referem à verdadeira literatura...

domingo, 27 de agosto de 2017

Ao anoitecer


Nos últimos dias, inesperadamente, tivemos na varanda a Leste uma invasão de formigas gigantes, ao contrário das habituais, que costumam ser minúsculas e pouco frequentes. Talvez a falta de água tenha provocado esta insólita migração. Uma  desceu, há pouco, do limeiro, e parecia com pressa...
Todo o horizonte está, porém, quieto, e apenas alguns cães, ao longe, com os seus latidos perturbam a vontade silenciosa do entardecer.
Já se recolheram as poucas aves da tarde, e uma aragem suave se levantou, talvez do Norte, para agitar, ao de leve, as folhas tenras da oliveira, na varanda.
Luzes vão despontando para a sua obrigação nocturna, aqui e ali. Como dantes, mais bruxuleantes, apareciam pela colina descendente de S. Roque, perto da Penha.
De súbito na rua (?) ouço uma voz rouca de mulher, praguejando.
Será chuva? Será vento?
É altura de eu recolher ao interior. Arrumo as coisas e apago a luz, na varanda a Leste, que a minha vocação é de paz - pelo menos, por hoje.

As palavras do dia (30)


Subscrevo inteiramente a crónica de hoje (A culpa é do politicamente correcto), de Vicente Jorge Silva, no jornal Público.
E transcrevo o seu final: ...não simpatizo com o primarismo "politicamente correcto", mas simpatizo ainda menos com os que o utilizam como desculpa para um primarismo ainda mais repugnante.

Vídeo tremido e pouco nítido, mas uma parceria de respeito...

Haikai



Do Buda colossal,
pelas narinas, nasce e vem
o nevoeiro matinal.


Kobayashi Issa
(1763-1827)

Por entre Bibliofilia, História e Filatelia


Criada em Jerusalém, por volta dos anos de 1080/90 da nossa era, a Ordem de Malta foi chamada, ao longo dos séculos, sucessivamente, Ordem de S. João de Jerusalém, do Hospital ou dos Hospitalários, até ser conhecida apenas pelo nome da ilha mediterrânica onde se instalou a sua sede e o seu Grão-Mestre residente. De 1722 até 1736, ano da sua morte, a Ordem de Malta foi presidida pelo português António Manuel de Vilhena (1663-1736), a quem o Abade de Vertot, em 1726, dedicou a sua monografia monumental, em 7 volumes, que se tornou rapidamente um best-seller: em 1885, a obra contava já 123 edições, em várias línguas. A minha edição (capa em imagem), de 1761, é a segunda, em língua francesa, e foi comprada em finais do séc. XX.


O nome de António Manuel de Vilhena é hoje lembrado numa rua de La Valletta e ainda agora é considerado como um dos mais importantes Grão-Mestres da Ordem. Foi o terceiro  português Grão-Mestre - o primeiro era filho bastardo do nosso rei Afonso Henriques. Filho do conde de Vila Flor, um dos grandes combatentes da Restauração, António Manuel de Vilhena tem, em Malta, um sumptuoso jazigo em que se encontra inumado, bem como uma estátua que testemunha a sua memória ilustre, reconhecida pelos habitantes da Ilha.



Pelo menos, desde o século XX, a Soberana Ordem de Malta tem emitido selos. Decerto, inicialmente, apenas na categoria de vinhetas, que acompanhavam, para efeitos de propaganda, a franquia postal de correspondência, em alguns países europeus, onde tinha representação.
A má língua refere que, em Portugal, a grande maioria dos cavaleiros de Malta é composta por bancários e sucedâneos. Os banqueiros eram mais da Opus Dei...
Voltando aos aspectos meramente filatélicos, posso ainda informar que, desde 1967, a França, pelo menos, aceita esses selos da Ordem de Malta, na correspondência nacional, e certifica-os com poder de franquia.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Memória (116)


Iriam a meio os anos 60, aqui por Lisboa, quando um querido amigo meu, já falecido, me convidou para o acompanhar e  assistir a um recital de poesia, ali para as Portas de Sto. Antão, no Ateneu. Lá fui.
O ambiente era encasacado, algo decotado também, e do melhor: roupas boas e de marca, mas de muito mau gosto estético, no seu conjunto. Assistência oxigenada, perfumada, cheia de tentativas frustes de rejuvenescimento sobre o já caduco.
Deprimente e decadente, em suma, o recital. Havia em tudo aquilo um mofo espiritual.
A diseuse, então, nem se fala. Requebros lânguidos, refegos flácidos, transparências, tules a que presidia uma voz cavernosa, entre o delicodoce e o melodramático, que começou a entoar Florbela e acabou em poetas menores desconhecidos. O último soneto era dela, declamadora.
Às vezes, quando vou à deriva pela net, encontro montes de versinhos destes, muito felizes de si, dignos de recônditos e regionais semanários de província. Como também encontro, em comentários de alguns blogues, essa maneira forçada e pobrezinha de querer fazer prosa poética saloia, à viva força. Como, às vezes, me aparecem, em logotipos de blogues, fotos de senhoras pretensamente capitosas, loiras, diáfanas e de cabelos longos à Veronica Lake. De óculos escuros, quase sempre, a disfarçar a idade e as rugas nas comissuras dos olhos... Tudo isto me parece patético e, nessas alturas, vem-me à memória essa deprimente noite poética, no Ateneu de Lisboa, pelos idos de 60...

à memória de J. M. F. M..

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Será que ainda se usa?

Seja como for esta canção foi Top of the Tops, em 1971. Quando Tom Jones tinha uma bela voz.

Apontamento 105: A História da Boneca



Aqui está ela, de novo lavadinha e com o casaquinho pelos ombros, já que o tempo ainda não pede lãs.



Como se pode ver pela marca nas costas, é uma boneca SCHILDKRÖTE [i.e. tartaruga], muito em voga na minha infância. O catálogo actual da marca ainda vende esta “colecção clássica”, como lhe chamam, dando um nome específico a cada criatura.

A minha boneca sobrevivente, T 40, i.e. de 40 cm. de altura e de nome Ursel, terá surgido pelo final da década de cinquenta do século passado. A data até condiz com a altura em que julgo ter-me sido oferecida.

De muitos banhos que lhe dei, porque os cuidados diários faziam parte das brincadeiras, ficou com as pernas um pouco bambas e a cabeça menos firme do que gostava que tivesse. Assim, resolvi, há algum tempo, perguntar o que se poderia fazer às maleitas da boneca no Hospital das Bonecas, na Praça da Figueira, em Lisboa.

Confesso que não gostei do atendimento. Comprei apenas umas cuecas novas – produto fraco e caríssimo. Os vestidos, que ainda apreciei, eram e são muito pouco airosos, muito antiquados, caríssimos. Parecem de feira, sem gosto, nada do que fala a Paula Lima, roupinha feita com dedicação, estilo e saber.

Assim, sentei-me um dia e fiz eu a roupinha. [ver “posts”: Da janela do aposento 16 e Os trabalhos e os dias (5)].

O casaquinho comprei-o numa loja que, por vezes, frequento, com porta aberta para o Largo de S. Carlos.

Post de HMJ, dedicado às minhas leitoras do "post" anterior

Escrita e oral


Dizia, quem o conheceu e com ele privou, que o polaco (nascido na, hoje, Ucrânia), naturalizado britânico na idade adulta, Joseph Conrad (1857-1924), nunca falou correctamente o inglês. No entanto, alguns dos seus romances são considerados como extraordinariamente bem escritos e pertencem ao melhor da literatura da Grã-Bretanha, a par da obra de Kipling ou Dickens.
Outro tanto se poderia dizer do romeno E. M. Cioran (1911-1995), que tinha um francês falado algo atabalhoado, mas cuja obra escrita está expressa num francês puríssimo e do melhor estilo.
Esclarecem-nos os especialistas da Fonética que o aparelho fonador, de qualquer ser humano, se forma e adapta nos primeiros anos de vida. E, uma criança, ou começa logo a ser bilingue, ou mesmo trilingue, ou nunca conseguirá falar devidamente outras línguas, na sua pronúncia correcta e pureza original.
Caberia aqui lembrar o velho provérbio: "De pequenino, é que se torce o pepino."

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Apontamento 104: Tratar da Boneca


A minha boneca de infância já tem sido vedeta no Arpose. Precisava de alguns cuidados, a saber, lavarem a roupinha que, em tempos, lhe fizerem de novo. Pois, o tempo passou e a roupa já estava um pouco suja. 

Lá decidi que seria hoje o dia da roupa branca. E o resultado foi o seguinte.

Sem roupinha e nua, com homens a passar por casa, lá resolvi engendrar um roupãozinho, de um lencinho meu,  para tapar as "vergonhas" da boneca como se vê pela foto acima.

Entretanto, na cozinha lá se arranjou um fio para pôr a roupinha, não a "corar", porque o sol não chega a tanto, mas a secar.


Espero, pois por amanhã para passar tudo a ferro e voltar a vestir a boneca. 

Post de HMJ

Citações CCCXXIII


" Toda a viagem é um regresso à infância; não à nostalgia de um bem perdido, mas duma possibilidade de felicidade que acenava na infância e que o futuro, em vez de concretizar, sufocou; duma stendhaliana promesse de bonheur, que a vida e a História, no seu curso sequente, desmentiram."

Claudio Magris (Trieste, 1939), in Alfabetos (pg. 220).

Esquecimentos e omissões


Das ex-colónias portuguesas, tirando, eventualmente, o dito Estado da Índia (Goa, Damão e Diu) - que, da Índia, têm vindo vários visitantes ao Arpose - só faltava que alguém de Timor viesse ao Blogue. Aconteceu hoje, às 5h34, e o visitante dirigiu-se a um poste antigo de 8/3/2012, intitulado Lembrar Ruy Cinatti (1915-1986), poeta esquecido que tanto amou Timor. Alguém, por lá, o terá recordado.
Similarmente, ontem (hoje), no blogue amigo Prosimetron, JAD evocou o historiador Oliveira Marques (1933-2007). Assim se vai tentando alimentar a memória dos vivos, com a lembrança dos mortos queridos. Mas, penso, que é uma tarefa inglória neste nosso tempo de glórias efémeras e memórias curtas. Em que incensámos ontem o que amanhã sepultamos, para eleger um novo ídolo.
No entretanto, as Academias vão lembrando, burocraticamente, os seus maiores, como lhes compete, mas estas evocações ficam restritas às suas instalações geográficas e não chegam ao povo, nem às gentes das ruas. Como nos cemitérios, as inscrições biográficas e afectuosamente saudosas vão sendo delidas, nas lápides votivas, pelo bater inclemente do Sol, diariamente. Até que já não podem ser decifradas, pelas omissões das letras.
Quantos poetas, quantos historiadores, quantos escritores, quantos nomes ilustres se foram apagando, no tempo!...
( Por isso, não foi sem algum cepticismo e alguma melancolia, que eu fui escrevendo estas palavras.)

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Revivalismo Ligeiro CCLXX

Das Aves


Diz, quem sabe, que o Corvo é das aves mais bem apetrechadas para imitar os humanos, e não destituido, de todo, de sentido de humor e originalidade própria, consoante o seu convívio, maior ou menor, com os homens. Creio que os Papagaios também os acompanham, nessas qualidades singulares, bem como os melros, embora com muito maiores limitações. E alguns periquitos, treinados, também fazem algumas pequenas habilidades...
Mas, há dias, li uma história sobre rouxinóis, que me deixou pasmado. Um Pastor do sul da Alemanha costumava levar as suas ovelhas, acompanhadas do seu cão, para um campo de pasto determinado, havia tempos. Até que para lá foi nidificar um bando de rouxinóis.
O Pastor costumava comandar o seu cão através de assobios modulados para cada uma das actividades que pretendia que ele executasse junto do rebanho. Até os rouxinóis terem aprendido a imitar esses assobios. E, de tal maneira, aperfeiçoaram os seus pios, que o cão-pastor passou a andar numa fona, tipo barata tonta, sem saber a que assobio contraditório obedecer...
Claro que o Pastor germânico teve que mudar de pastagens.
Donde se poderá talvez concluir que algumas aves são mais inteligentes do que alguns cães. E têm gosto em se divertir. Só talvez não tenham ainda aprendido a rir...

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Produtos Nacionais 22


Não se exclua dos ofícios mecânicos uma certa linhagem de nobreza que, no antigamente, era óbice para ascender à aristocracia ou manchava de suspeita qualquer artífice, por melhor que fosse.
Ramalho, de Rosa (1888-1977), que até foi celebrada por Agustina, os Côta, Prazeres, Milagres, são alguns dos nomes e apelidos familiares que ilustraram e ilustram essa genealogia de barristas gentios de Barcelos.
E foi o galo, milhares de vezes reproduzido em cores variadas e berrantes, que se constituiu ex-libris indiscutível e símbolo regional, e mesmo nacional, destes artesãos simples, mas imaginativos.
Monstros inomináveis, mafarricos assustadores, zoomorfismos apenas existentes no imaginário popular foram povoando de figuras estranhas esta mitologia única que se vai fazendo à beira do Cávado.



Eu sempre fui mais atraído pelos músicos canhestros de bigodaças, mas compostos na sua indumentária, destas bandas de barro rústico, que fui juntando até compor uma orquestra de 10. Todos têm a particularidade de serem assobiadores, porque na base posterior de todos existe um apito primitivo, por onde se pode soprar. O gigantone, ao fundo à direita, com o seu bombo, reuniu-se-lhes, por oferta gentil de uma minha amiga, já em meados dos anos 80. E esse sei eu que é do Milagres. Talvez algum dos outros, mais pequenos, possa ter saído das mãos hábeis e talentosas de Rosa Ramalho.

Adagiário CCLXVII


Os homens fazem o almanaque e Deus manda o tempo.

domingo, 20 de agosto de 2017

Catrin Finch e Seckou Keita

Pensar com e pensar como


Pensar como todos pode até ser uma forma de solidariedade ou de, facilmente, fazer muitos amigos.
A sintonia pode ajudar, quase sempre, a não nos sentirmos marginalizados e contribuirmos, anónima e numericamente, para a grande corrente dominante, o que será decerto, para alguns, fundamental no sentido de evitar essa doença de alma que se chama solidão... Mas também há autores que alertam, avisadamente, para que, até no meio da multidão, nos podemos sentir sozinhos.
Ora, com a idade, que pode trazer exigência e, naturalmente, mais experiência, é bem possível que se ganhe uma identidade mais vincada, um critério sobre as coisas, mais definido e pessoal. E que o pensar com acabe por ser mais restrito. As afinidades serão mais raras e os novos amigos serão mais difíceis de fazer. Mas, quando isso acontece, e esse novo amigo se nos instala com raízes- ultrapassando a mera e populosa fronteira dos conhecidos -, fixando-se nessa nossa pequena teia estreita de afectos, o que verdadeiramente sentimos (e, conscientemente nos damos conta) é, sobretudo, uma imensa gratidão. Talvez para com um deus inexistente...

Últimas aquisições


Em pleno Agosto, mais dois livros: um do discreto poeta bissexto Luís Amaro (1935) e outro do também poeta António Osório (1933), ilustre advogado de profissão, com uma espécie de memórias mescladas de poesias e sua explicação, cuja leitura me foi decepcionante ... Veremos Luís Amaro.
Comprei os dois livros em muito bom estado e usados, naturalmente, mas ambos com dedicatórias a uma mesma senhora...


sábado, 19 de agosto de 2017

Uma fotografia, de vez em quando... (91)


Nenhum ser humano é exactamente igual a outro. Nem mesmo os gémeos.
Mas escolher Sebastião Salgado (1944), não é excluir Cartier-Bresson ou Eduardo Gageiro. Porque os podemos associar, no exemplar exercício de uma mesma actividade profissional. Neste caso: a fotografia. 
E não sendo iguais, há pessoas que nos fazem lembrar outras. Por acções, tiques, gestos, traços, vozes...
Esta nordestina brasileira, retratada por Sebastião Salgado, bem podia ser uma Angelina Jolie, precocemente envelhecida por uma vida difícil.

E porque se convencionou ser hoje o Dia Mundial da Fotografia.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Ficções


É ponto assente, na opinião da crítica inglesa, que, a partir da I Grande Guerra e, com muito maior intensidade, a partir do final da II G. G., o cenário da ficção britânica passou a ser mais citadino, quando, anteriormente, tinha um predomínio campestre. A transumância das populações para as cidades, com a Revolução Industrial, foi apenas o início de um processo, que a ficção, e até mesmo a poesia, acompanharam de perto.



Em Portugal, Eça foi sobretudo um ficcionista de cidade, se exceptuarmos A Ilustre Casa de Ramires e o híbrido A Cidade e as Serras, mas quase toda a ficção camiliana é situadamente campestre, como grande parte da literatura portuguesa anterior. O Neo-realismo privilegiou largamente os campos (Redol, Manuel da Fonseca) e as zonas ribeirinhas ( Soeiro Pereira Gomes e Loureiro Botas) e, que me lembre, apenas Tavares Rodrigues e Namora (na sua segunda fase) se atreveram a devassar as ruas mais escuras e escusas da cidade. Ainda hoje, no entanto, Rentes de Carvalho e Riço Direitinho encenam as suas ficções campestres, em algumas obras.


Embora eu frequente, pouco e mal, a ficção portuguesa de agora, julgo que os cenários são, maioritariamente, citadinos. Passou o tempo de Aquilino, embora o Mestre tenha situado alguns dos seus romances em Lisboa. Como, de algum modo, Miguéis, mais cosmopolita, porém. A obra de Carlos de Oliveira divide-se, ambivalente. Mas, para os novos escritores, o cenário é urbano, até porque são, na maioria, citadinos os seus leitores e a vivência de ambos. E o regresso da alguns vegans aos campos e à natureza, bem como a fruste troca da cidade pelo campo, de alguns jovens casais idealistas, não irá alterar o cenário das ficções portuguesas - creio eu.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Bibliofilia 156


Mais conhecido pelo pseudónimo de Tinop, João Pinto de Carvalho (1858-1936) foi um ilustre olisipógrafo, autor também de uma celebrada História do Fado (1903). Os três volumes de Lisboa de Outrora (1938/9), obra póstuma, foram coligidos e revistos por Gustavo de Matos Sequeira e Luiz de Macedo, seus companheiros também olisipógrafos, numa edição promovida pelo grupo "Amigos de Lisboa". No final do passado mês de Julho, e no meu livreiro-alfarrabista de referência, adquiri, em bom estado, os 3 volumes por 22,00 euros. A obra, não sendo rara, completa não é muito frequente aparecer à venda.



Em Maio de 2014, a Livraria Luis Burnay, em leilão e sob o lote 77, apresentava a obra completa para venda, com uma estimativa prevista de 50/100 euros. Enquanto que, posteriormente, a Livraria Histórica e Ultramarina (rua de S. Bento, em Lisboa) anunciava a mesma obra a 75,00 euros. E, mais recentemente ainda, a AbeBooks propunha a sua venda por US $ 72,77. Para quem não quiser gastar dinheiro, submetendo-se às leis do mercado do livro usado, posso informar que a BNP tem esta obra de Tinop digitalizada, podendo ser consultada em qualquer altura.



Quanto ao conteúdo de Lisboa de Outrora, eu diria que o seu estilo é ramalhudo, um tanto ou quanto barroco, de vocabulário luxuriante, por vezes pernóstico, até. O que perturba talvez a fluidez da leitura, mas a pequena história, os casos pitorescos narrados e os retratos realistas de Herculano, Pinheiro Chagas, Eça, Ramalho Ortigão, Bulhão Pato e tantos outros habitantes dessa Lisboa de outrora, recompensam muito bem qualquer leitor que se habilite a folhear e ler esta obra interessante.

Ioan Scarlatescu (1872-1922)

Livro raro?


De uma informal conversa  do novel ficcionista com a Revista Estante (FNAC), fiquei a saber que ele não frequenta alfarrabistas. Está no seu pleníssimo direito, evidentemente. Mas diz que tem uma obra particularmente rara na sua biblioteca: um D. Quixote de La Mancha, dos anos 60, escrito em espanhol.
Mais de 350 anos depois da edição original (1605-1615) do livro de Cervantes, em castelhano, que edição será esta, assim rara? Fac-similada? Luxuosamente ilustrada, e por quem? Com tiragem numerada de poucos exemplares?
Fiquei curiosíssimo...

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A oliveira da varanda a Sul


Estão assim, já ligeiramente gorduchas para a idade e altura do ano... Lá para Outubro, hão-de ser curtidas com domésticos cuidados.
São cerca de 70, as azeitonas, difíceis de contar, por entre o emaranhado das folhas verdes, na varanda a Sul. E, provavelmente, 2017 será um ano recorde, na produção, porque o máximo da safra tinha sido de 49, no ano passado. 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Feitios


Respondo, quase sempre, aos comentários dos meus estimados visitantes activos, embora isso não conste do Livro de Estilo do Arpose. E faço-o, muitas vezes, logo que me apercebo de um novo comentário, e imediatamente. Porque qualquer diálogo arrefece, normalmente, se os silêncios se eternizam na conversa. Perdem sabor, ganham bolor... Dir-se-ia que é uma questão de impaciência, da minha parte. Não é.
Mas percebo que as pessoas, ainda na vida activa, nem sempre tenham tempo para dialogar. E demorem horas e horas, e dias a responder. Ou, até, nem sequer re-comentem. E até admito que há comentários que não mereçam ou nem sequer tenham resposta.
Ora, no fundo, parece-me que é tudo uma mera questão de tempo ou de feitio.

Eugeniana, mínima


A revista Colóquio, propriedade da Fundação Gulbenkian e que, de 1959 até 1970, abarcava conjuntamente temas de Artes e de Literatura, em 1971, cindiu-se em duas, de modo a privilegiar melhor uma vocação mais especializada. Este primeiro número da Colóquio-Letras, saido em Março, inclui, entre outras colaborações, 2 poemas de Eugénio de Andrade (1923-2005), acompanhados de um desenho de Dordio Gomes (1890-1976).


Não sendo dos seus poemas maiores, na minha modesta opinião, Eugénio de Andrade viria a inclui-los nas reedições (aumentadas) da obra Mar de Setembro que fora, inicialmente, publicada em 1961 e, sucessivamente, reeditada. Em 1990, o livro contava já 8 edições.
Contrariamente ao que lhe era habitual, o Poeta manteve, passados 19 anos, a versão original do poema "Alba", que aparecera na Colóquio. Quanto a "Tema e variações em tom menor", veio a reduzir-lhe o título para "Variações em tom menor", e apenas substituiu, no último verso um substantivo: morte pura por chama pura.
Assim ficou a versão definitiva.

Em sequência, intermitente...

Pinacoteca Pessoal 127


Dizem-no precursor de Lucian Freud, mas o pintor inglês Stanley Spencer (1891-1959) também não rejeitou inteiramente o legado dos pré-rafaelitas, muito embora tivesse seguido um caminho muito próprio. A evolução da sua obra pode ser avaliado pelos dois auto-retratos (em imagens, aqui) que pintou. O primeiro, de 1914, e o segundo no seu último ano de vida (1959).



Grande parte dos seus quadros privilegia representações do humano colectivo, mas a inspiração bíblica foi também traduzida numa actualização bem sucedida e original, como pode ver-se no tríptico Ressurreição, acabado em 1927, e que eu considero uma das suas obras mais interessantes e exemplares, apesar da reprodução, em imagem, não ser das melhores...



segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Divagações 124


É Claudio Magris (1939) que, no seu Alfabetos, fala de Praga como uma "cidade literária", no seu conceito mais restrito. Mas, no sentido amplo, por ordem de importância, e sobretudo no século XX, a sagrada trilogia de Veneza, Trieste e Praga foi um must de distinção de alguns escritores e poetas que se prezavam de o ser. Este fascínio, porventura estranho, contagiou muitos leitores e viajantes. Actual e infelizmente, no entanto, Veneza está condenada, principalmente, ao turismo democrático e popularucho, tendo perdido grande parte da sua população residente.
Também para pintores e para os amadores de pintura, no século XX, foram lugares míticos: Florença, a Provença, Paris e, depois, sucessivamente, Londres, Berlim, S. Francisco...
A tudo isto - creio - anda também associado algum snobismo intelectualóide, simultaneamente parolo, de alguns que se julgam ungidos do favor, graça e pertença a uma casta de eleitos e que, com alguma frequência, citam ou referem essas "cidades literárias" ou artísticas, pour épater le bourgeois. Visconti, como realizador e com dois dos seus filmes ("Senso", de 1954, e "Morte em Veneza", de 1971), também ajudou imenso à criação desses mitos, no caso particular, sobre esta cidade italiana do Adriático.
Se Joyce está ligado a Trieste, o seu nome leva-me sempre a Dublin. A Praga, chamava Kafka a sua "Mãezinha". E até acredito que Thomas Mann e Eugénio de Andrade tivessem falado de Veneza sinceramente, com verdadeiro afecto e profunda impressão, mas duvido que esse facto actue, hoje, nos seus leitores como se de um deslumbramento maravilhoso se tratasse, desencadeando, neles, um transe de hipnótico encantamento e atracção.

Truncagem


A Agatha com a Christie. Por Pereira de Castanha, nas próximas Autárquicas. Entre o policial e a música pimba.

Citações CCCXXII


O luxo é uma questão de dinheiro. A elegância, uma questão de educação.

Sacha Guitry (1885-1957).

domingo, 13 de agosto de 2017

Mercearias Finas 125


Quase todos anos, espontâneas, por Agosto, florescem as beldroegas, na floreira das sardinheiras da varanda a Leste. Oferenda generosa da Natureza ou, mais realisticamente, fruto, trazido pelo vento, ou por algum pardalito que, em aflição, ali se tivesse aliviado, deixando algumas sementes, que vieram a germinar na terra desocupada e limpa de vegetação.
Sopa de pobres, enriquecida, por quem pode, de alguns primores que lhe dão mais gosto: queijinhos frescos daqueles rústicos e bons, ovos amarelíssimos na gema de galinhas de campo criadas à solta, e uma cabeça inteira daqueles alhos pequenos, terrunhos e nacionais. Cebolas e batata, cortadas em rodelas finas. As fatias de pão, para acompanhar, convém que sejam do melhor. Assim se faz uma sopa substancial e saborosa.
De nome científico, a planta: Portulaca aleracea, assim mesmo.
Ora, para este caldinho rústico, o único trabalho estrénuo é ter que separar as folhas tenras dos talos suculentos das beldroegas. E isto demora o seu tempo, se for feito como deve ser. Mas a debulha compensa.



Em nome da simplicidade, abriu-se um Dão branco Monástico 2016, da UCB, com 12º e sem pretensões de maior. Não fora, talvez, um ligeiro excesso de Malvasia-Fina no lote, que o adamou demasiado, e teria sido o acompanhante perfeito. Mesmo assim, não desmereceu. Isto, de escolher o vinho certo e ajustado a uma refeição, tem muito que se lhe diga...



Após cerca 25 minutos de cozedura da sopa de beldroegas, e cortado o pão escuro de centeio, a refeição estava pronta. De tão substancial, que era, dispensámos a sobremesa. Para o ano há mais, se a Natureza quiser fazer-nos o obséquio...

Ferré, torrencial como quase sempre: Words, Words, Words...

Agora, que a guerra de palavras entre Ocidente e Oriente sobe de tom. Agora que um pequeno gesto tresloucado pode provocar um cataclismo de proporções inimagináveis. Agora, em que até a Rússia e a China fazem o papel de moderados e sensatos, apelando à calma e à diplomacia... Agora.

Impressionismos, do outro lado...


Este Sol de incêndios, que nos abrasa. E que parece não ter fim, toldando o céu de fumos pesados.

sábado, 12 de agosto de 2017

Comércio contaminado


Dos comerciantes, tenho uma confiança inabalável nos ingleses. Comprei, na Grã-Bretanha, várias coisas, directamente ou pelo correio, e também vendi - nenhuma razão de queixa, valha a verdade! Bem como confio nos comerciantes alemães.
Dos nossos comerciantes nacionais, assim, assim. 
Hoje, El Pais noticia, em título: Immovilizados 20 toneladas de huevo liquido contaminado con fipronil en Bizcaia. A mercadoria fraudulenta, segundo o jornal espanhol, provinha de França. Devo dizer que fiquei surpreendido, até porque sobre os comerciantes gauleses eu não tenho uma opinião muito fundamentada. E ovos, são ovos.
Não será que os donos dos aviários holandeses foram a França para expedir a mercadoria pecaminosa para os pobrezinhos dos sub-europeus do Sul, para evitar o prejuízo financeiro?
É que, pela minha experiência, sobre a ética dos comerciantes holandeses eu não tenho muita fé...

Dispersas e matinais


Se os relvados ainda estão verdes, graças à rega matinal mecânica, já apresentam, porém, grandes peladas acastanhadas pela falta de chuva. As flores dos aloendros, mal nascem, ficam logo meladas e definham, sem crescer. E, à volta das pobres oliveiras centenárias, o solo está juncado de azeitonas ainda verdes e raquíticas. Uma dor de alma!
A falta de água provoca uma acentuada luta pela sobrevivência do mundo da natureza.
Formigas endiabradas e vorazes esburgavam a carcaça de uma carocha pequena e negra, já morta.
No Mercado, as bancas de peixe tinham clientes, mas o talho estava vazio e às moscas.
A D. Irene tinha o seu lugar cheio de fruta e como lhe esgotamos os figos lampos ainda verdes, lançou, popular e críptica, o seu provérbio: "Na minha casa há mulher, na da vizinha envergonhei-me."
Não fora eu ter lido, há dias, uma nota de Leite de Vasconcelos sobre ditados portugueses, e ficaria preocupado e curioso, com o dito da D. Irene. Dizia o linguista e etnólogo português que nem sempre os adágios têm conceitos sábios ou claros. É necessário é que tenham rima. Seja ela disparatada ou erudita...

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Françoise Hardy : L'Amitié

As primeiras amizades


O reencontro com velhos amigos de infância é, quase sempre, uma epifania. Emocional, sobretudo.
Porque alguns deles ficaram-se pela encruzilhada. Outros, ainda, seguiram caminhos, que não os nossos, e alguns muros se foram criando entre nós. Apesar de eles saberem, de cor, a nossa mais íntima biografia.
Por essa razão, estes reencontros afectuosos podem estar ameaçados de melancolia. Ao menos, de um dos lados.

Retro (94)


Palavras, para quê? - como referia um célebre anúncio português de finais dos anos 50.
Mas destaque-se a qualidade gráfica de 2 dos cartazes, pese embora a moralizadora mensagem que aparece também, se exceptuarmos a legenda totalmente sintética que identifica as máquinas de costura Oliva, de fabrico português, que rivalizaram com as célebres Singer, alemãs.
Pena que não se consiga saber o nome dos designers nacionais que criaram estas belas imagens, de que eu excluiria o anúncio às Bolachas Triunfo, que me parece excessivamente pobrezinho e canhestro...