terça-feira, 26 de novembro de 2013

De Carlos de Oliveira, um poema


Cantiga do Ódio

O amor de guardar ódios
agrada ao meu coração:
é como um dia sem sol
a raiva na servidão.
Há-de sentir o meu ódio
quem o meu ódio mereça:
ó vida, cega-me os olhos
se não cumprir a promessa!
E venha a morte depois
fria como a luz dos astros:
que nos importa morrer
se não morrermos de rastros?


Carlos de Oliveira (1921-1981), in Mãe Pobre (1945).

2 comentários:

  1. Este e outros poemas da Resistência, pelas piores razões, voltaram a estar na ordem do dia...

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