sábado, 31 de agosto de 2013

Discretear sobre patronímica, com algumas implicações governativas


Nem sempre os nomes e apelidos são felizes. Alguns são ferretes e labéus insólitos que se colam a pessoas, para toda a vida. Há quem, muito justamente, se crisme ou registe em adulto, de outro modo, para escapar a classificações injustas e infamantes, outros...habituam-se. Até dos lugares, vilas ou cidades, há quem se liberte, razoavelmente: os naturais da antiga Porcalhota, transformaram-na na asséptica Amadora, os de Punhete adoptaram o sossegado nome de Constância. Mas se, com os nomes de terras, a resolução do problema é facil, com os nomes e apelidos de família, os casos fiam mais fino.
Atente-se no apelido Futre que significa: bandalho, homem desprezível, sovina. Ou no Cristas que talvez se aplicasse bem a um, ou uma, gerente de aviário; ou até Rosalino, com as suas conotações silvestres e florais, que se poderia aplicar lindamente a um pastor de cabras ou a um jardineiro profissional... Como é que um bebé, uma inocente criança fica logo, desde tenra meninice, marcado por esta irrisão para toda a vida? É, no mínimo, uma injustiça e uma crueldade patronímica.
Além disso, há expressões populares, criadas não se sabe bem como, que desaconselham em absoluto alguns nomes, para baptismo. Lembro-me de três casos, e aqui os deixo para reflexão, a quem goste desses nomes que, sendo ditos, provocam logo sorrisos:
- Isto não é da Joana!
- Ó Barnabé, toca tangos!
- Chamar pelo Gregório.
E haverá mais, decerto...

4 comentários:

  1. Gosto de consultar a lista anual dos nomes mais escolhidos no registo civil, e se Joana continua a ser um nome bastante escolhido ( ainda assim longe do enxame de Sónias e Sandras, mas também Constanças, Lilianas e Marias muitas ), tal não acontece com Gregório nem com Barnabé :)

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  2. Um tema bem interessante e que me fascina. Nas viagens e passeios adoro olhar para os nomes das terras e das ruas, e tentar perceber a lógica por detrás deles. Soube de cor, em tempos, os nomes romanos de todas as cidades portuguesas - hoje em dia só me lembro de alguns. Quanto aos nomes das pessoas, há casos espantosos. Já notei que os apelidos mais diferentes são os do Alentejo, mas há outros nomes dignos de nota em todo o país - uma aluna da minha mãe tinha o apelido de Penetra Marujo. Quanto aos nomes próprios, que são da responsabilidade dos pais, acho admirável como é que escolhem os nomes. Mas, na realidade, já percebi que é uma questão de modas. Tive um aluno que se chamava Adriano e que sofria horrores por causa do Macaco Adriano do programa de TV. Eu fiz um esforço terrível para escolher nomes inócuos para os meus filhos, porque me irritava que as pessoas quando conheciam uma Carolina, uma Mariana, uma Joana, um João ou um Manel, (etc), desatassem logo a cantar ou a recitar poemas.

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  3. Desde a Rua do Cicioso, em Évora, até à aldeia "Carne Assada", perto de Sintra, a patronímica portuguesa é um mundo de curiosidades. A HMJ teve, em tempos, uma colega de trabalho com os apelidos: Tintim Pão-Mole Vieira - de origem alentejana, como se pode imaginar...
    Mas há casos sérios, de nomes e apelidos que se colam, em jeito trágico-cómico e que infernizam, para sempre, a vida de algumas pessoas.

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