sexta-feira, 22 de março de 2013

Óscar Lopes, ainda


Desta fotografia, de 1994, que reúne alguns vultos maiores da cultura portuguesa, encontram-se apenas vivos Fernando Guimarães e Fernando Echevarría, este último, parcialmente tapado pela cabeça de Eugénio de Andrade. E é do poeta de "Ostinato Rigore" que quero lembrar algumas palavras que, em 1974, escreveu sobre Óscar Lopes:
"...Eu poderia testemunhar do escrúpulo deste homem, porque muita vez o vi pesar razões e razões antes de uma decisão, senhor de uma paciência (a que talvez seja mais exacto dar o nome de respeito pelo próximo) diante de montes de originais que, algumas vezes, ambos tivemos de ler e ponderar antes de premiar. A mim, com muito menos preocupações, muito menos trabalho, muito mais saúde que ele, tanto verso impacientava-me, crispava-me; porque a poesia, se não for o lugar onde o desejo ousa fitar a morte nos olhos, é a mais fútil das ocupações. De tal impaciência dava às vezes notícia em comentários à margem dos manuscritos, de que os autores, uma vez devolvidos os originais, não gostavam, protestando junto do Óscar, por julgarem que tal soltura de humores seria da sua lavra. Como ele é incapaz de um milímetro de deslealdade, nunca lhes respondeu que de tais desmandos só eu seria capaz. ..."

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