quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O suicídio das corporações


Hoje, os três canais televisivos, nos seus telejornais, dedicaram grande espaço a um caso mediático da Justiça, e adjacências. Além disso, dois dos canais, ainda promoveram debate, um deles, e outro, uma entrevista com a Ministra da Justiça. Não será demais?
Era Unamuno que dizia ser Portugal um país de suicidas. É evidente que se referia a seres humanos e devia ter em mente: Antero de Quental, Camilo, Soares dos Reis, Manuel Laranjeira ... Mas, nos últimos anos, -  ao que temos observado - têm sido notórios os hara-kiris de diversas Corporações (aqui, no bom sentido), num espectáculo de morte assistida na praça pública, através duma antropofagia inter-pares. Professores, Juízes, Homens da Igreja, Políticos, Advogados... Poucas  Corporações escaparam ao suicídio. Até os Arquitectos, normalmente discretos, esboçaram uma tentativa de duelo mortal a propósito de um qualquer projecto de uma eventualmente polémica igreja a construir no Restelo ou Belém.
Eu penso que o que os motiva é a projecção mediática a qualquer preço, porque se fossem razões de fundo, essenciais à profissão, e técnicas, é evidente que as discussões deveriam ser em sede própria, acompanhadas de séria ponderação e discrição profissional.
É obvio que isto contribuiu, tremendamente, para a degradação da imagem das Corporações. Hoje, um professor não goza do prestígio que gozava aqui há 30 anos. Um médico é questionada na sua honra e conhecimentos por um zé-ninguém. Um polícia, em vez de ser respeitado, facilmente é sovado, na rua. Mas é bom lembrar que este denegrir das imagens profissionais começou por dentro, não veio de fora. E embora eu reconheça que se não deve generalizar, e haja em todas as Corporações, profissionais sérios, discretos e competentes, o vulgo não os distingue e a imagem que tem, é de descrédito e desconfiança.

7 comentários:

  1. Já somos duas, MR. Trocaram-se séculos de respeitabilidade por dez minutos de fama...

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  2. PS: Trocaram-se ou trocou-se? Agora fiquei na dúvida...

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  3. Prefiro a 1ª opção (trocaram-se), mas creio que ambas são correctas.
    A voragem do lucro a qualquer preço, c. a.,creio que domina o nosso tempo. Infelizmente...

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  4. Eu julgo que não começou por dentro, porque está a acontecer em todos os países. E praticamente todos os países têm a mesmo tipo de TV, a mesma publicidade, ouvem a mesma música, vêm os mesmos filmes, ouvem as mesmas notícias, têm o mesmo tipo de políticos...

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  5. Tenho algumas dúvidas a ter começado por fora,ms, pelo menos em Portugal. Mas seja como for, a ausência de princípios (éticos) e o mimetismo da globalização tiveram uma quota-parte importante neste estado de coisas.

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