segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Curiosidades 44 : o tempo, a moda e os números



Uma moda, ou preferência, excessivamente gritante, num dado momento do tempo, corre o risco, muitas vezes, de se apagar depressa e definitivamente, talvez por saturação e ressaca, ou porque foi artificial e injustamente promovida por razões que nada tinham a ver com a qualidade ou a estética. Pode observar-se este fenómeno em muitos top-ten ou listas de best-sellers que, passados 2 ou 3 anos, estão na maioria dos casos sepultados no esquecimento, para sempre. Por isso, não vale muito a pena ir a correr às livrarias para comprar e ler obras muito badaladas e na berra. Mais vale aguardar que o Tempo faça a monda acertada. A notoriedade de um autor, hoje em dia, depende mais do seu mediatismo insistente, do que de critérios de verdadeira qualidade. E, a crítica, nos nossos dias é o que se sabe...
Passemos ao concreto. A revista "Magazine Litteraire", em Março de 2000, dedicou uma boa parte das suas páginas (49) aos escritores portugueses. Fez entrevistas a Saramago, Lobo Antunes e Manuel Maria Carrilho, na altura Ministro da Cultura. Além de haver artigos singulares dedicados exclusivamente a alguns escritores (Pessoa, Lídia Jorge, Tabuchi...). Finalmente, a revista literária francesa inclui uma sinopse selectiva dedicada a autores considerados importantes ("Dictionnaire des Auteurs"), com algumas linhas distribuidas por cada um dos escolhidos. Seleccionei alguns, referindo a seguir o número de linhas a eles dedicadas, para cotejo:
- Eugénio de Andrade: 7 linhas.
- Ruy Belo: 9,5 linhas.
- Al Berto: 34,5 linhas.
- Agustina Bessa Luís: 19,5 linhas.
- Luís de Camões: 16 linhas.
- José Cardoso Pires: 28 linhas.
- Mário de Carvalho: 53 linhas.
- Camilo Castelo Branco: 4,5 linhas.
- Vergílio Ferreira: 24,5 linhas.
- Eça de Queiroz: 29,5 linhas.
- Wanda Ramos: 24,5 linhas.
- Jorge de Sena: 36,5 linhas.
- Miguel Torga: 52,5 linhas.
- Gil Vicente: 8,5 linhas.
Finalizo sem comentários, deixando o juízo sobre os números, a quem ler. Mas não há dúvida que, como diz o ditado: "Mais vale cair em graça, do que ser engraçado"... 

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